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Quando nos deparamos com sofrimento, viramos a cara para o outro lado. Causa-nos repulsa. Se o vemos no outro lado, fechamos os olhos. Está em todo o lado. Percebemos isso no dia em que somos nós a sofrer e à nossa volta só vemos pessoas a olhar para outro lado ou de olhos fechados. Ignoramos a beleza que existe no sofrimento. Nada nos aproxima mais do ventre da nossa mãe do que sofrer. Perguntamo-nos "porquê eu?". "Porque não eu?", deveríamos perguntar. Afinal de contas, somos apenas eus a sofrer e a regressar ao ventre das nossas mães.
Há mais vida na cabeça ou no coração?
Às vezes, escrevo coisas que nem eu sei bem o seu alcance. Simplesmente me soam bem. Da mesma forma que um pintor junta duas cores porque ficam bem, às vezes eu junto duas palavras. Será que isso faz de mim pintor? Mas como posso ser pintor se não sei fazer um traço?
Tem alguma piada ver artistas a falar de inteligência artificial. Imagino o que os pintores não devem ter dito quando surgiram as máquinas fotográficas.
Desconfio sempre um pouco de pessoas que se mostram interessadas em tudo. Quem tem interesse em tudo não consegue decidir aquilo em que tem interesse. São uma espécie de panaché.
Havia uma pessoa tão viciada em café que até à vida pôs termo.
O caminho pode ser difícil, mas não é por isso que não é o nosso caminho.
O Homem apenas é capaz de coisas extraordinárias se houver algum tipo de tensão mental. O segredo é encontrar a dose saudável de tensão para não apanhar nenhum choque.
No ano passado, li 46 livros. Reconheço que é um número elevado, mas não o digo para me gabar. Na verdade, a leitura assume um papel central na minha vida. Ler estimula a minha criatividade e as minhas ideias de uma forma sem paralelo com qualquer outra. Nem tudo é um mar de rosas. Sou incapaz de deixar um livro por terminar. Seria o mesmo do que virar costas a alguém quando nos quer dizer qualquer coisa. Por vezes, sinto-me preso a uma leitura desagradavelmente extensa. É o livro seguinte que me liberta. Ler é fundamentalmente um exercício de compreensão. Tal como conhecer uma pessoa. É por isso que eu leio. Para compreender pessoas.
Não existem profissões perfeitas. Tirando ser speaker do Benfica, claro.
Denoto uma tendência em mim para ter ideias pelintras. Sempre que partilho uma boa ideia, alguém me dá sugestões sobre como tornar essa ideia financeiramente lucrativa e eu recuso. Não me interpretem mal: eu gosto de dinheiro. Apenas não o suficiente para o querer gerar.
Há quem diga que quem se lixa é o mexilhão. Talvez seja curioso, mas não gosto de mexilhão.
Sempre achei curioso quando algumas pessoas estão a comentar a vida alheia e dizem com satisfação "acabou-se o bem bom". Como se o bem bom fosse uma coisa má. Chamem-me excêntrico, mas eu gosto do bem bom. Acho o bem bom bom. E também acho o bem bom bem. Taras minhas.
Nenhum post começa por "querido diário". Nem poderia começar. Só nos conhecemos há 20 dias. Primeiro que me pague um café.
Descobri que as palmeiras não são árvores. Decerto soarei algo ignorante para muita gente após esta confissão. Imaginem quando eu vos disser que não sei quem é o vocalista dos Imagine Dragons.
Não gosto quando as pessoas nos dizem autonomamente que estão de mau humor. Sinto que é uma forma de nos dizerem que hoje a água do banho é tão fria que até vamos endireitar as costas.
Como se chama um habitante da Parede? Pega-monstros.
Quando não sabemos o que dizer, nada como uma graça.
Sinto que me teria saído bem melhor se tivesse vivido na altura em que não havia internet. Adorava poder escrever uma carta a contar novidades e ter de esperar dias ou semanas por uma resposta pensada, ponderada, tranquila de alguém que podia muito bem sofrer de escorbuto.
Se faço parte da geração mais bem preparada de sempre, porque é que nunca me sinto preparado quando toca o despertador na segunda de manhã?
As relações sociais são a forma que o ser humano arranjou para se ludibriar em relação à natureza individual da vida. Gostamos de pensar que o nosso coração bate por alguém, mas quando deixa de o fazer, apenas os nossos olhos se fecham.