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Nunca foi tão fácil mudar, mas os sócios do Benfica disseram que não. Depois de 4 anos, já antecedidos por mais de uma década associado a um regime que meteu o nome do Benfica na lama, quase vazios de vitórias, o risco de mudança ficava reduzido a praticamente zero. Na pior das hipóteses teríamos um Benfica Tiririca - pior do que está não fica. Ao longo da tarde, comecei a ficar assustado com aquilo que fui ouvindo: "queremos mudança, mas com os mesmos" - como se apostar na mesma fórmula e obter resultados diferentes fosse algo com alguma espécie de nexo. O voto em Rui Costa foi sobretudo um voto de rejeição em Noronha Lopes. O Benfica tornou-se um clube de medrosos que até bate recordes mundiais motivados pelo medo. Preferiram proteger a pessoa Rui Costa ao clube, ele que sempre serviu de apoio para uma série de gente pouco recomendável que gravita perto de si. Outro recorde que o Benfica vai conseguir estabelecer: pela primeira vez, um cabide vai conseguir vencer duas eleições consecutivas. A lista de Noronha Lopes é, provavelmente, a lista de profissionais mais qualificados de sempre nas eleições de um clube,mas isso assusta. É o "nosso" Rui. Tem os seus defeitos, mas é dos nossos e querem tirá-lo de lá. É particularmente surpreendente ver que a diferença a favor de Rui Costa ainda se acentua mais em quem tem maior antiguidade. Muitos destes sócios assistiram aos áureos anos 60 ou à gloriosa década de 80 e a lição de benfiquismo que têm para nos dar é o culto e validação da mediocridade. Rejeitar Noronha Lopes deste modo tão estrondoso num momento em que nunca foi tão fácil mudar é ter medo de ser feliz. Normalmente, quem tem medo de ser feliz tem mais azar do que os outros. É um Benfica de brandos costumes que é pisado, humilhado, vergado e derrotado e que pela via do voto não se revolta. É o Benfica do respeitinho e do pouco barulho. O Benfica que vira a cara para o lado quando lhe pisam a cabeça. O Benfica que diz que é predador, mas quando lhe cheira a sangue identifica-se como herbívoro. O Benfica que dá a outra face para levar a estalada com medo de não ir para o céu.

Hoje sinto-me triste e impotente perante o resultado das eleições. Provavelmente, vai haver segunda volta, mas será apenas um penalti sem guarda-redes para confirmar mais 4 anos de Rui Costa à frente do clube. Gosto demasiado da Democracia para desistir dela. Gosto tanto da Democracia que nunca me cansarei de a criticar para tentar que um dia seja melhor. À frente virá a conversa da união. Era nestas eleições que tínhamos de dar a mão ao Benfica, mas os sócios decidiram mordê-la. Eu, e muitos outros que pensam como eu, não abandonaremos o Benfica, mesmo que se tenham decidido por mais 4 anos ao abandono. Não sou sócio de rasgar cartões de sócio ou deixar de pagar quotas. Continuarei a fazer oposição e a alertar quem me rodeia para a manada de búfalos imparável em direcção ao desfiladeiro. Enquanto tivermos Benfica para partilhar, cá estarei para tentar fazer do clube aquilo que ele já foi e que este Presente não seja o seu Futuro. Não me condenem por isso. A oposição também faz parte da Democracia. Cá estaremos no futuro para ajudar a consertar e amar o Benfica por inteiro e não apenas este meio Benfica que jaz nas nossas vidas. Sempre festejando as vitórias e com esperança de que seja eu aquele que está errado. 

publicado às 14:10


1 comentário

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O apartidário 27.10.2025

Concordo com o seu post/ texto. Sugiro o blog (se não conhece já) em-defesa-do-benfica.blogspot,tem uma excelente análise à eleição e aos resultados.

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